quarta-feira, 11 de março de 2009

JEITO DE AMAR (Adélia Prado)

Uma personagem põe-se a lembrar da mãe, que era danada
de brava, mas esmerava-se na hora de fazer dois molhos
de cachinhos no cabelo da filha, para que ela fosse bonita pra escola.
"Meu Deus, quanto jeito que tem de ter amor".
É comovente porque é algo que a gente esquece: milhões
de pequenos gestos são maneiras de amar.
Beijos e abraços são provas mais eloqüentes, exigem
retribuição física, são facilidades do corpo.
Porém, há diversas outras demonstrações mais sutis.
Mexer no cabelo, pentear os cabelos, tal como aquela
mãe e aquela filha, tal como namorados fazem, tal como
tanta gente faz: cafunés.
Amigas colorindo o cabelo da outra, cortando franjas,
puxando rabos de cavalo, rindo soltas.
Quanto jeito que há de amar.
Flores colhidas na calçada, flores compradas, flores
feitas de papel, desenhadas, entregues em datas nada especiais:
"lembrei de você".
É este o único e melhor motivo para azaléias, margaridas, violetinhas.
Quanto jeito que há de amar.
Um telefonema pra saber da saúde, uma oferta de
carona, um elogio, um livro emprestado, uma carta
respondida, uma mensagem pelo celular, repartir o que
se tem, cuidados para não magoar, dizer a verdade
quando ela é salutar, e mentir, sim, com carinho, se
for para evitar feridas e dores desnecessárias.
Quanto jeito que há de amar.
Uma foto mantida ao alcance dos olhos, uma lembrança
bem guardada, fazer o prato predileto de alguém e
botar uma mesa bonita, levar o cachorro pra passear,
chamar pra ver a lua, dar banho em quem não consegue
fazê-lo só, ouvir os velhos, ouvir as crianças, ouvir
os amigos, ouvir os parentes, ouvir.
Quanto jeito que há de amar.
Rezar por alguém, vestir roupa nova pra homenagear,
trocar curativos, tirar pra dançar, não espalhar
segredos, puxar o cobertor caído, cobrir, visitar
doentes, velar, sugerir cidades, filmes, cd's, brinquedos, brincar...
Quanto jeito que há.

O texto acima foi tema da reunião do EAC (Encontro de Adolescentes com Cristo) no último domingo, 08 de março.

"Tentamos mostrar para os meninos que o amor está em gestos simples, assim com fez nosso Amigo. Em contra-posição, debatemos que controlar os exageros dos jovens (internet, celular, futebol, shopping, balada e outros) é uma forma de abrir espaço para os gestos simples de amor." - comentou o Tio Gastão, coordenador do grupo.

E completou: "Em especial, neste tempo de quaresma esse " jejum" de atitudes pode gerar "caridades" de perceber o próximo mais próximo. Junto ao texto colocamos uma notícia atual que exemplifica esse jejum publicada no Estado de Minas em 04/03/2009":

Penitência Virtual

Iniciada na Quarta-feira de Cinzas, a Quaresma é um período de reflexão e preparação dos católicos para a Páscoa. Muitos seguidores da religião fazem sacrifícios nessa época. Na Itália algo inusitado aconteceu.

Um Bispo resolveu pedir para seus fiéis abandonem os torpedos, mensagens de texto via celular, todas as sextas-feiras, durante a Quaresma.
Benito Cocchi acredita que se os jovens deixarem esse vicio, uma vez por semana poderão “se desintoxicar do mundo virtual e voltar a ter contato com eles mesmos”, explicou, segundo o jornal “La Repubblica”.

Na Europa, a Itália fica somente atrás da Inglaterra no número médio de torpedos por cada usuário. São 50 dessas mensagens por mês, ainda de acordo com a publicação local.

O que você achou da atitude do Bispo?



Paz e Bem!
Pastoral da ComunicAÇÃO

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